Sobre café, Itália e uma casa.


Eu coloquei a chaleira sobre mesa, senti o aroma do café quentinho depois de fazer do teu abraço meu abrigo. Separei pães, frutas e cereais. Ainda estou aprendendo sobre as coisas que você gosta e como ganhar pelo estômago não é o meu forte, apelo pra sorte de te deixar escolher com o que vai se alimentar. Você não é tão difícil. To acostumando aos pouquinhos teu gosto de ficar na cama por tempo quase indeterminado. Enquanto sou diurna, madrugo pela casa quase escura e você sempre me deseja um bom dia para o que vou fazer. "Bom estudo" foi a primeira coisa que ouvi da primeira vez que com você dormi. Deu vontade de largar tudo, o mundo, pra me emaranhar na tua preguiça, nas tuas carícias, todos os dias. Tento deixar o todo sempre o mais bonito possível. Abro a porta do quarto só pro aroma do café entrar. Esse é meu segundo "bom dia". Espero que goste. Foi com carinho, amor e pitada de sorriso, aquele bobo que tenho no rosto toda vez depois de levantar de uma noite com você. 
Às vezes, louca, me belisco. Só pra ver que não é mentira, só pra sentir a realidade mais um pouquinho, de você em minha vida. Quando vejo que voltou a dormir do incômodo que foi quando levantei, chego perto e beijo a testa. Esse é meu "obrigado". Espero que também goste. Eu sempre peço desculpas pelas minhas bagunças, aquelas que fazem teus tropeços mais frequentes. Mas confesso, aquela que você fez aqui dentro, quando chegou batendo a porta e pedindo um teto com carinho, eu não me incomodei. Nem me desculpei. Deixei. Cada coisa fora do lugar é uma lembrança pra guardar de você. Minha organização neste momento quero que falhe só pra se caso eu precisar arrumar alguma coisa, quero que seja com você. 
Porque eu ainda ouço você dizer todas as coisas que temos em comum naquele 12 de junho. E ainda sinto teu abraço cheio de desculpas por causa do vento forte e inesperado. Sempre quis que aquele dia se espichasse mais um pouquinho. E olha, passaram-se trinta e um dias (para alguém de humanidades que não sabe contar) espichados em alegria, em carinhos e um sentimento crescente, quase vertiginosamente, dentro de mim. 
Sempre que posso assisto aquele DVD, Daquele cara que você ama. Daquela música que a gente adora. E da falta daquela que a gente sente que completa. 
Te quero naquela instância de melhor amigo. Aquele que além de esquentar no frio, ouve as paranoias, os discursos aflitos. E quero que tudo seja recíproco. Que haja açaí e cachorro-quente, que haja sofá e corredor, cama e cobertor. Que haja mais de dois, de ao quadrado, de par. Porque estou aqui para somar. Que mesmo que a gente não saiba contar, que perca-se os números de dias que você está comigo, porque os números não qualificam as experiências e sei que se fosse contabilizar, viveríamos décadas em dias. Seríamos eternos. Seríamos vidas. 
Pois, eu gosto sim do seu jeans azul, do teu tênis preto, do teu cabelo bagunçado, franja encaracolada de lado. Do cheiro teu, dos detalhes nas linhas da camisa xadrez. 
E já que somos o "vocês", que não questionemos, vivemos, vivamos, amemos.
E que continuemos, mesmo quando não houver sol lá fora para me acordar tão cedo, ou você tenha que madrugar pra algum feito. 
Fiquemos aqui a ouvir todos os álbuns de todos que amamos. Vivos e mortos. De um extremo ao outro. Planejaremos viagens, fingiremos camaradagem só para ser traída com guerra de cosquinhas. 
A chaleira do café sobre a mesa estará lá para quando quiser, requentado por vezes, como nossa vida estudantil permite, pois o que aquece em nós transborda e tua companhia já traz o que se precisa. 
Obrigada pelas coisas lindas,
Pelas alegrias,
Por todo esse teu mar que inunda minha vida. 

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