Não precisa dizer que me ama.


Não precisa dizer que me ama, que me quer para sempre e que sem mim tudo ficaria menos bacana. Não precisa me pedir em namoro, noivado ou casamento. Nem mesmo conhecer os pais e irmão que tenho. Não quero lhe cobrar nada, acredite. Não quero nem mesmo dizer o que quero de fato. Exigências afetam diretamente a naturalidade das coisas e, sinceramente, nada mais quero além da fluidez dos acontecimentos. 
Em um tempo presente sinto a falta do abraço que acalenta, que afaga e acaba com todo e qualquer estresse de um dia não muito bom. 
Não precisa segurar a minha mão. Sei bem como qualquer tipo de contato mais intimista te assusta, te ressabia e não quero que se esconda ainda mais dentro de si mesmo. 
Como Murakami, o que eu falo quando falo sobre corrida, são sempre os intermináveis pensamentos que sobrevoam minha mente. As mil especulações e a tentativa de recriar situações da melhor forma possível só para tentar ter uma nova perspectiva sobre aquilo.
Por vezes, volto para o quarto ainda mais reflexiva e confusa.
Mas não há nada que façamos que de fato mude alguma coisa se não quisermos que isso aconteça com as mesmas. A não vontade de querer ir embora, de não querer se desvincilhar de um indivíduo, paralisam. 
Ultimamente o café da manhã tem se tornado os melhores trinta minutos de todo um dia.
Entenda,
Há dias (a maioria deles) nos quais só quero o abraço. O beijo despretensioso no topo da cabeça. Um 'até logo' que signifique exatamente o que foi dito. 
E não precisa ir dormir e dar "boa noite".
Nem mesmo acordar e desejar que o dia seja bom. 
As vezes no silêncio das palavras os atos físicos falam mais alto. 
E marcam mais.
E dizem mais.
E significam coisas que talvez nunca conseguiríamos expôr verbalmente.
Mas, por favor, não esconda suas insanidades. 
Provavelmente gosto mais delas do que qualquer outra coisa em você.
E além de marcar como nota mental que preciso tentar olhar no fundo dos teus olhos sempre que der, só pra mais uma vez buscar aquelas peças pra montar o enorme quebra-cabeças que é entender você, tento também não esquecer que não estou aqui porque quis, mas porque a vida escolheu assim.
E pra questionar o que quer que seja lá fora eu prefiro apenas aceitar e deixar ser o que tem que ser mesmo que haja a necessidade de me machucar. 
Mas entenda, não precisa dizer que me ama.
Não mesmo.
Só passe por mim e toque o ombro. 
Só transpasse o grande abismo que parece existir entre nós em quaisquer situações sociais em que estejamos envolvidos. 
Prometo não te deixar cair dentro dele.
Nem mesmo que se envergonhe caso tropece, porque não está acostumado a fazer isso, pois sei que tropeçar é algo intrínseco a você. 
Seja mais de você comigo. Pois, se eu ainda não fugi, é porque realmente não te temo e quero entender-lhe. E quando isso não for possível, quero que perceba que ainda estarei ali. Porque não me importa o número de muros construídos entre você e mundo, mas sim como posso inovar-me todas as vezes que eu tentar decorá-los. 
Quanto mais altos, mais trabalho, mas também uma obra maior a ser contemplada.
Saiba que não meço esforços.
E enquanto me quiser aqui e eu aqui estiver, vou torcer para que possa observar cada pedaço daquilo que desenvolvi nos seus mecanismos de proteção. Acredite, não quero que os derrube. Não quero que se torne vulnerável e que deixe todos os males de Pandora adestrarem sua morada. Mas, me permita, ao menos, visita-la. 
Prometo não bagunçar.
Prometo não riscar o chão e as paredes ou tirar as suas coisas do lugar. 
Sei o quanto gosta de ter tudo a seu controle. 
Prometo que só tocarei no que me for permitido e só comentarei sobre aquilo se houver espaço para isso.
Me deixe abraçar-te mais vezes.
Meus braços são curtos, mas também prometo compensar.
E mais uma vez lembre-se: Não precisa dizer que me ama.
Que me quer para sempre e como seriam bonitos nossos filhos.
Entenda: Só estou aqui por sua permissão, e todo o interesse criado foi porque deixou que fosse assim. Não queira agora que eu saia por livre e espontânea vontade uma vez que vi as maravilhas dentro dos teus olhos rasos d'água. 
Minhas tentativas de mergulhos podem ser falhas, mas nunca me deixaram sem a vontade de querer me molhar novamente.
E mesmo que no final de tudo eu bata com a cabeça no fundo, pois, você me permitiu uma área rasa; vou saber que em você, o oceano em mim deságua. 

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