Eu sou.

Eu sou um lugar de reflexão.
Um meio.
Uma canalização.
Um ser errante que se pega as uma da madrugada olhando pro teto enquanto ouve um diálogo sobre amor sendo falando em uma série brasileira pouco conhecida e se depara com as questões mais corriqueiras daqueles que estão em seus vinte e poucos anos.

Às vezes um mergulho em si mesmo nos leva mais ao desconhecido do que em qualquer outro oceano no mundo. Quando você passa todos os últimos dias tendo crises de identidade e se pergunta "eu realmente acredito em relacionamentos?" você nunca sabe se está beirando a loucura ou não. Aparentemente as pessoas a sua volta convivem bem consigo mesmas e não se importam tanto com tais questões. Então por que diabos eu me importaria? Eu poderia aceitar facilmente que estou passando por uma fase na qual o mundo não quer nada sério comigo. Em nenhum sentido. E caminhar todos os dias sem me questionar esperando topar com um pacote de comprometimento e sanidade. Viver em um mundo onde a troca das coisas e pessoas é feita de forma tão rápida e as vezes tão inconsciente faz com que nós venhamos a não nos acostumar em ter algo sempre ali, preenchendo um determinado espaço, atuando em determinada função. "Eu não quero isso." "Eu não estou pronto pra isso". Bom, com vinte e um eu quase posso usar o discurso de que "estou bastante velha pra caras mal resolvidos". Mas sério mesmo que eu penso que sou tão bem resolvida assim? De fato, pensar algo desse tipo me faz crer a cada segundo que quem está deixando-se levar pela loucura do mundo sou eu e que mais dia ou menos dia serei uma senhorinha pinel, caminhando pelas ruas dizendo: "olha filhinha, eu costumava ser escritora quando nova, dessas que acreditam em romance e tudo" e ter que ver um desviar de mim e outro dar risada. É uma triste perspectiva de fim pra quem nem chegou aos vinte e cinco. Engraçado como nos engarrafamos na faixa etária medieval em que tudo morre aos trinta. Biologicamente, nessa idade, seríamos só o pó e a fumaça, nossos sonhos. Há quem se perca na poesia etílica do bar bacana na esquina no qual ninguém te julga, ninguém te cobra e todo mundo se desconhece. Eu, que já passei momentos em algumas muitas casas, morei em alguns muitos bairros e estudei em mais de oito lugares durante toda minha jornada escolar até a universidade, aprendi que nada é permanente. Que de uma hora pra outra a gente pode precisar se reinventar. A gente pode precisar começar do zero, no tudo. O bacana é que isso nunca me assustou. Mas, a ideia da não permanência das coisas atualmente me deixa acuada. Me faz pensar se eu realmente vou ter forças para apertar um "start" sempre que a minha Chun-Li for pega por um golpe surpresa e cair arrasada no chão. Dez segundos ou game over. A vida não deveria ser tão fácil de interpretar assim. Eu, na imagem abaixo, seria representada como uma dessas pessoas com o celular na mão, no meio de uma multidão de muitas outras praticando o mesmo feito. Retratar o social em sua forma mais óbvia as vezes choca e faz pensar. Por que eu não seria a pessoa com o rapaz no centro do desenho? Ou, será que eu era uma das pessoas no meio do desenho sendo que sem o outro e por causa da falta de companhia eu me cansei e me juntei aos demais? Com um mundo de possibilidades as vezes pecamos pela falta de esforço. Num todo. Principalmente pra fazer algo convencional e que aparenta ser ultrapassado, vingar.

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