O que você está pensando?

Pós horário de verão é geralmente quando você vira.
Vira a cabeça, vira toda a tua rotina, vira teu sono, vira.
Pós horário de verão em ter problemas pra se localizar no tempo e no espaço, pra pensar no presente e no passado e como o tempo, ah o tempo, mesmo quando queremos controlá-lo ele nos bota loucos, desvairados. Talvez nunca sejamos algo que ultrapasse os ponteiros dos minutos. Ainda mais aqueles que trabalham com eles, como eu. Pela manhã me vejo em 42 a.C. Um dos meus momentos preferidos de estudo. To começando a entender como as coisas funcionam com toda a minha teimosia. Eu vou estudar isso sim, porque eu quero sim. Sabe, as vezes a teimosia de criança que eu tinha pode de alguma forma dar forma as coisas que eu quero na vida.
Ao meio dia, eu sou contemporânea. Tem notícia no jornal, almoço. Coisas cotidianas. A minha rotina, quando não há casa dos meus pais, mas um quarto com mais sete meninas, se resume numa boa correria.
Meu almoço tem fila, a hora corre. Depois das 11:00 parece que nunca termina. O tempo, ah o tempo. Se eu o controla-se havia mais paz e muito menos ataques de nervos. Menos calmantes, menos vontade de sair metendo a porrada em alguém, de fazer sete palmos parecerem rasos, só pra ter certeza que aquele problema ta muito bem enterrado.
Mas. eu preciso ter uma vida.
E uma ficha na polícia atrapalharia tudo.
Confesse, você também já quis bater em alguém a ponto de que ela nunca mais voltasse a te perturbar.
Eu as vezes só quero que a pessoa sofra de cegueira.
O mal dos excesso mata. Mata e morre. E no tempo, se as pessoas entendessem o tempo, perceberiam que a energia que perdem não volta mais. E que as vezes o ser teimoso, como eu disse acima, não vale a pena.
Mas, a pessoa é tão novinha que ainda não pegou as manhas da vida. A paróquia ta lá porque a família quer que esteja.
Não cobiçarás o companheiro do próximo é mandamento.
Porém, parece valer só dentro da igreja.
Hoje, e o que é "hoje" dentro do tempo, enquanto viro a noite, assisto minha pessoa preferida falar de Londres, suas cores, sabores e amores.
Por mais que a terra da rainha não me atraia tanto (eu prefiro o vizinho da boa cerveja e superstição), me encanta.
São tantas as pessoas que se encontram no amor e o amor se encontra nelas.
Eu, que não sei meus talentos, to perdida mesmo nesse tempo, que como o horário de verão eu não consigo acompanhar. São 4, mas são 3. E o sono que sempre vem, não vem dessa vez. Por um milagre divino eu volto a escrever e percebo que isso só acontece em momentos em que permito a minha ansiedade vagas demais pelos muitos caminhos da minha cabeça, ela enche, preenche tudo e transborda pelas mãos.
Sempre me disseram que isso de ter uma idade ok, pronta pra ser responsável era besteira. Babaquice. E que eu devia (e deveria mesmo) ficar com meus 10 anos. Eu ainda corria pela praça chamando meu amigo de Harry e cantando a abertura de Shrek no balanço.
Sou criança do anos 90, não se ofenda. Pra mim era muito bom.
E eu sempre soube disso.
É aquilo do tempo. Eu sei, eu conheço e não consigo controlar. Mas, será que se eu ou você voltássemos atrás, tudo estaria como está?
Nós, adultos, odiamos "e se". E também odiamos textos grandes (como esse que estou escrevendo). Mas, isso é mal de quem quer realmente expurgar tudo de uma vez. Tentando dar vários socos com palavras.
Nesse saco de areia que é a vida, eu bato palmas.
Ninguém consegue ser tão complexo e ainda te fazer amar assim. Amar a vida mesmo quando ela torna tudo difícil. Mesmo quando parece haver conspiração cósmica pra você aprender diretinho a ser ser humano e parece que quando você aprende, morre. Ninguém mais pode saber disso, oras. O que seria das outras pessoas que não aprenderam, se outras sabem o segredo?
Quando eu era pequena eu queria ser professora e escritora.
Mais escritora do que professora, mas, os dois ganham pouco.
O problema é:
Ser escritora quando há ansiedade, é isso.
Quase cinco anos sem textos tão longos e (há quem diga) inspirados.
Talvez, eu precisasse de uma adaptação ao horário de verão todas as vezes que eu fosse escrever e uma Maria Flor apresentando um programa que me motivasse.
O segundo problema é:
Ser professor e mal pago aqui é mais do que complicado.
Caramba, eu penso em ter uma vida, assim como meu namorado e ora essa, juntos.
Seremos dois professores.
Valha-me Deus.
E os mestrados e doutorados?
Casamos aos 28 (eu) 25 (ele), filhos aos 32.
Sem errar ok?
Tudo certinho pra formar.
Olha só, de novo o tempo.
Temos que colocar tudo dentro do tempo.
E eu, virginiana metódica, com plano de casamento e querendo tudo perfeito. Ah, isso é pesadelo. O tempo é sempre um monstro que abocanha algum membro meu quando algo sai fora do cronograma. Pelo menos eu me regenero.
Eu nunca sei sobre o tempo.
Eu uso um relógio de pulso que ta parado há quase cinco meses.
Porque eu gosto, porque acho bonito.
Quando alguém pergunta são sempre 11:00.
E nem com o relógio parado dá pra agradar todo mundo.
Se você é apressado: UFA! Mais tempo. Ainda são 11:00, ta tudo bem. Se você é atrasado: AI MEU DEUS! E agora? 11:00!
O tempo é como Cristo, acabou não conseguindo agradar todo mundo.
Imagino como era saber as horas sem os nossos relógios.
talvez melhor do que agora.
As pessoas não deveriam ser ansiosas.
Agora, que dei socos no vento com palavras, começo a ficar um tanto quando exausta.
Outra coisa da correria que o tempo proporciona: exaustão.
Produzir em 8hrs ou mais (professores) acaba com você. São 8hrs contadas e que você conta os minutos pra que acabem.
Eu gosto do horário de verão. Mais sol pra ir a praia, mesmo nunca indo. Pra você que vai, fico feliz por você.
Se você dorme corretamente todos os dias, reze por mim.
Virar a noite não é o recomendável, mas o que é noite?
E o hoje?
Se eu não dormi, pra mim ainda é ontem, e o hoje, só quando eu acordar.
Um dia eu serei escritora, quando o meu interior conseguir esse tempo de profissionalismo, eu não precisarei das ansiedades, das noites e dos horários de verão.
Mas, talvez precisa da casa, do meu rapaz e dos cães, por ora.
Aquela hora.
Toda hora.
Queria agora.


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