Conceitual, eles disseram.


Piegas. Haviam sentimentos piegas por toda a parte, por todo o ambiente e sua extensão. Porque no mínimo o ser humano necessita da "pieguicidade" umas boas trocentas vezes ao dia. Daí o ser humano precisa ser desnudo. E então o piegas dá lugar ao conservadorismo e dizemos "não, vossa senhoria, não estamos a disposição da exposição de sentimentos, por ora." E esse 'por hora' dura meses, talvez anos. A indisponibilidade do nós ou do bom coletivo "eu e você" já é parâmetro de boa vida para nós modernos, contemporâneos, bullshit que seja. E a cada dia mais acreditamos e somos convencidos que o individualismo é nossa melhor forma de amor próprio. Meros mortais, mas de atitude conceitual; eles disseram. O problema todo não é do individualismo, mas sim da fragilidade do nosso emocional desmembrado em não se adaptar a bonita 'solitude'. E não adianta o bom moço auto suficiente dizer que dá sim pra ver. Porque sim, até dá. Mas convenhamos, após um período de tempo você chama urubu de meu louro, faz amizade consigo mesmo, dividi-se em dez e tem amigos estranhos que não são vistos a olho nu. Tudo isso porque você consegue sim viver sozinho, mas só porque o que você tem na cabeça é complexo demais pra te fornecer ferramentas boas o suficiente para uma loucura prolongada e reconfortante. 
Porém no pior das hipóteses você pode ser louco sozinho, com os outros e ainda assim ser consideravelmente conservador ao dizer que "não, obrigado". Porque se for para ser louco e sozinho, que seja louco de verdade e sozinho por opção. Mas que seja louco sozinho e junto dos outros também, na sua autenticidade de pensamento, na criação dos ódios pessoas e impessoais simplesmente por ser você e de certa forma em se orgulhar disso, pois, se onde nasceu o ódio também nasceu o amor (a não ser que você seja louco, sozinho e insuportável, e isso eu lamento). Embora saiba quem você é, até mesmo do avesso, não se contente consigo mesmo. Há a imutabilidade da essência que fazem você ser o que é, e também a mutabilidade agregada ao que vem de fora, que te traz plenitude de alma e realizações. No mais clichê e pigas possível, é claro. Ou não. E se eu sei que o que escrevo é mais do mesmo, é um conselho de mãe diversas vezes dado e não computado pela mente cansada do indivíduo? Sim. E de fato tenho que me afirmar isso, na constante manhã que nasce e noite que se sobrepõe, pois ainda sou um ser em crescimento, sedento por conhecimento, pela vida e pela arte de um dia ser eu mesma por completo. 


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