Quisera

queria que fosse estação
para que viesse e transformasse
para que fosse e voltasse
sempre com sua beleza

queria também que fosse canção
dessa que a gente escuta com delicadeza
digere cada verso
e que de tão bonito
gera incerteza

com meus pares
nos bares
observo-te passar
faceiro, gingando
cigarro entre os dedos
brilho no olhar

e de longe logo se percebe
o sorriso no canto da boca
a malícia nos olhos envolta
por uma poesia
devidamente singular

pois no copo e no tabaco
encontrei perfume e inquietação
deveras serás do mundo?
deveras não entrega teu coração?

a tua sagacidade
misto de malandragem
e um bonito charme
atraem olhares
desviam madres
conquista gerações

e na saliva das palavras não ditas
dos gestos curtos
tímidos
sobrepõe-se a si um desejo
num simples lampejo de inspiração

que é na troca de olhares que mais se diz
que mais se ganha e que se perde
satisfaz-me poesia
secreta alegria
da viagem longínqua que se seguirá

logo então me fará pensar
que não importa o que se suceda
quais forças movam as coisas as avessas
o que será, será.

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